A história dos “chaimites” e a VM do Porto Alto
Agora que muito se fala nos veículos blindados, muitos não sabem que a história dos conhecidos “chaimites” (importantes na Guerra Colonial e na Revolução do 25 de Abril) teve por base a empresa VM do Porto Alto. Nas minhas divagações de fim de vida nunca pensei que a guerra estivesse tão presente.
Presentemente, sempre que se abre os jornais ou telejornais, deparamo-nos com a Ucrânia a pedir “tanques”. Mas será que a maioria dos nossos leitores tem conhecimento que houve uma fábrica destes blindados no Porto Alto e que foram exportados para os vários cantos do Mundo? Vamos, então, recordar um pouco da nossa história recente.
Temos, na verdade, que enaltecer a administração da Bravia que, na altura, com o seu pensamento, o seu dinamismo e o seu assinalado portuguesismo, transformou em curto espaço de tempo uma fábrica modesta de âmbito caseiro numa empresa de expressão industrial socio-económica, que constituiu, afinal, uma salutar resposta ao apelo do governo para que a indústria se apetrechasse em moldes que lhe permitisse valorizar o potencial económico do País e enfrentar a concorrência estrangeira.
Foi instalada a sua fábrica no Porto Alto, numa área coberta de 50 mil metros quadrados, com cinco linhas de montagem de fabrico e patente da própria firma. Os “Chaimites” foram feitos a pensar na guerra em África e foram uma das grandes viaturas nacionais, sobretudo também como símbolo da “Revolução dos Cravos”.
A VM entregou as primeiras unidades em 1970 e o primeiro lote foi enviado para a Guiné-Bissau em Janeiro de 1971. Tinha também uma linha de montagem de “dumper’s” e de atrelados, produtos esses na altura muito bem conhecidos e consagrados pela aceitação preferencial que lhes dava o mercado nacional.
A linha de montagem de Samora Correia fechou portas e quem passa por ela não adivinha o seu passado. O espaço da grande fábrica de blindados é, hoje, um armazém de revenda de produtos chineses, que abastece as lojas que existem de norte a sul de Portugal, umas sete a oito mil segundo as últimas estatísticas.
Saiba mais nas edições impressas do Voz Ribatejana e da Vida Ribatejana