Sucessão de “avenidas” na antiga EN 10 revolta moradores

A desclassificação dos troços da antiga Estrada Nacional 10 que atravessavam a zona urbana do concelho de Vila Franca de Xira levou à “criação” de várias novas “avenidas”. As placas toponímicas foram colocadas nos últimos meses nas três uniões de freguesias abrangidas, mas os moradores dizem que nem sequer foram consultados e que foram obrigados a uma sucessão de procedimentos administrativos para mudarem as moradas.
A Câmara justifica que as mudanças foram sobretudo motivadas pelas dificuldades dos CTT em fazerem a entrega de correspondência na situação anterior em que era apenas indicada a “Estrada Nacional 10”. Aos moradores e empresas que ali funcionam foi dado um prazo de 30 dias para alterarem/actualizarem as moradas que tinham nos mais diversos serviços e entidades públicas e junto dos respectivos clientes e fornecedores.
Uma “carga” de trabalhos que muitos dispensavam e que tem gerado mesmo alguma revolta. É o caso de Octávio dos Santos, que reside há décadas num bairro da União de Freguesias de Alverca e Sobralinho e que, de um momento para o outro, se viu a braços com a necessidade de mudar todas as moradas. O munícipe recebeu, no dia 16 de Novembro, um ofício que lhe dava um prazo de 30 dias para mudar moradas e colocar novo número de polícia.
No seu entender esta atitude, “representa (mais uma) prova de desrespeito, e até de desprezo, para com os residentes, dos executivos camarários do PS que têm dominado o município de Vila Franca de Xira nas últimas décadas. Uma decisão tomada sem qualquer aviso prévio, sem consulta pública, e que muitos incómodos e despesas vai causar.
Não só às famílias, evidentemente: bastantes s(er)ão as empresas, algumas de grande dimensão e importância, com ‘portas’ para a Estrada Nacional 10, igualmente afectadas, e que pensarão seriamente se vale a pena continuar a investir neste concelho”, lamenta Octávio dos Santos, que se mostra ainda mais revoltado porque no caso do bairro (Sobralinho) onde reside “esta alteração é ainda mais ridícula, porque nunca usámos, nunca incluímos nos nossos endereços a EN10", critica.
Câmara garante que processo foi público
Já a Câmara de Vila Franca de Xira, em resposta ao Voz Ribatejana, esclarece que “procedeu a alterações da toponímia da EN10, em articulação com as diversas Freguesias do Concelho abrangidas, num processo de decisão que foi tornado público”.
A medida, acrescenta a edilidade, “tornou-se necessária porque, ao longo de vários anos, foram reportadas à Câmara Municipal diversas dificuldades na entrega de correspondência nos domicílios/empresas existentes na EN10, dado haver numa mesma artéria uma multiplicidade de códigos postais que tornavam difícil a exata localização de moradas”.
Segunda a Câmara, acresce, ainda, o facto dos CTT terem oportunamente dado a conhecer uma indicação da ANACOM sobre limitações que poderiam incorrer na distribuição postal em locais sem topónimo atribuído, placas toponímicas colocadas e numeração de rua atribuída. “O processo de decisão da nova toponímia da EN10 foi devidamente comunicado aos abrangidos.
Não ignorando os impactos iniciais e transtorno, que não deixa de lamentar, a Câmara Municipal sublinha que a nova toponímia da EN10 supera e põe termo aos constrangimentos existentes, os quais seriam inevitavelmente maiores se esta situação/correção não fosse realizada”, conclui a autarquia.
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