Viúva confessa autoria dos disparos que mataram Luís Grilo
Rosa Grilo confessou, esta terça-feira, no Tribunal de Vila Franca de Xira, que efectuou dois disparos sobre o marido, o empresário e triatleta Luís Grilo, que foram a causa directa da sua morte. A viúva foi chamada a depor como testemunha noutro julgamento e confessou pela primeira vez que foi a responsável pelo homicídio do marido, garantindo que o seu antigo amante (António Joaquim) não sabia de nada.
Rosa Grilo justificou os disparos com desentendimentos constantes com o marido, afirmando que nos últimos meses este a “ameaçava constantemente”, chegando a ameaçá-la de morte, afirmou a viúva em tribunal, explicando que foi buscar uma arma a casa de António Joaquim “para se defender” e que nessa altura não tinha “intenção” de fazer mal ao marido.
Certo é que Rosa Grilo disse, esta terça-feira, no Tribunal de Vila Franca, que os desentendimentos se agravaram na noite de dia 14 de Julho de 2018 e que, nessa altura, decidiu que teria que pôr termo à situação e misturou seis comprimidos calmantes no jantar do marido. Na manhã seguinte, acrescentou a viúva, ainda pensou em fugir, mas terá decidido depois levar a arma até ao quarto.
“Fui ao quarto e fiz dois disparos. Não estava num estado emocional racional”, admitiu, afiançando que na moradia das Cachoeiras onde tudo aconteceu estavam apenas os dois e que António Joaquim não sabia que ela tinha a pistola na sua posse.
Questionada durante cerca de duas horas, Rosa Grilo explicou que apresentou uma versão completamente diferente no julgamento do homicídio realizado no Tribunal de Loures porque essa era a estratégia da sua defesa.
Agora, convocada como testemunha para um julgamento em que estão no banco dos réus a sua antiga advogada (Tânia Reis) e o seu antigo consultor forense (João Sousa), Rosa Grilo estava legalmente obrigada a dizer a verdade. Explicou, também, como é que se livrou do corpo e da bicicleta de Luís Grilo, mas o seu relato suscitou ainda algumas dúvidas.
Tânia Reis e João Sousa estão acusados da prática de um crime de favorecimento pessoal, com o Ministério Público a responsabilizá-los pela alegada “plantação de provas” na moradia das Cachoeiras, ao denunciarem, já depois da detenção de Rosa Grilo, que havia um orifício de bala na banheira do piso superior da casa.
Advogada e consultor afirmam que foi Rosa Grilo a contar-lhes que tinha experimentado a arma na banheira e que esse orifício (não detectado pela PJ nos dias seguintes ao desaparecimento de Luís Grilo) já existia antes do crime.
Agora, Rosa Grilo confirmou que experimentou a arma cerca de duas semanas antes do homicídio, disparando sobre uma almofada colocada na banheira com água e que, depois, tapou o orifício com silicone. A sua versão contraria a tese de “plantação de provas” do Ministério Público. O julgamento prossegue em Junho.
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